Haddad usa falência de bancos americanos para alertar sobre juros altos
- Blog do Yan Ney
- 15 de mar. de 2023
- 2 min de leitura
Atualizado: 22 de mai. de 2023
Segundo o ministro, não existe risco de quebrar o sistema bancário, mas há a necessidade de calcular uma taxa de juros prudente.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou na última segunda-feira (13) que a falência dos dois bancos americanos nos últimos dias não vai causar uma crise econômica global, mas é uma situação grave.
Haddad aproveitou um evento promovido pelos jornais “O Globo” e “Valor Econômico” para questionar autoridades monetárias pelas altas taxas de juros pelo mundo. Segundo o ministro, o Brasil tem "gordura" de juros para cortar e os países precisam ser prudentes em relação à taxa para não causar um efeito prejudicial nas economias nacionais.
“Hoje há pouco espaço para aumentar taxas de juros no mundo e eu diria que há uma gordura no Brasil que permite a nós, tomando as providências que estão sendo tomadas e vêm sendo reconhecidas pelo Banco Central nas atas que ele divulgam.”, disse o ministro.
Crises bancárias normalmente geram instabilidades no mercado e alteram taxas de juros. Nos últimos dias, órgãos financeiros dos EUA anunciaram que dois bancos no nicho de tecnologia, Signature Bank e o Silicon Valley Bank, declaram falência. Haddad vê que esse episódio é decorrente de um “descasamento” na carteira do banco com o restante do sistema financeiro.
Para o ministro, o Federal Reserve, Banco Central dos EUA, agiu rápido a fim de evitar crises maiores e disse que o presidente do BC, Roberto Campos Neto, precisa analisar possíveis efeitos desse cenário nas economias periféricas.
“Não sei se vai gerar uma crise sistêmica, aparentemente não. O Fed agiu no fim de semana e nós vamos ver ao longo do dia para ver se a autoridade monetária do Brasil precisará tomar alguma consequência sobre efeito de economias periféricas”, afirmou Haddad.
Banco Central e o corte de juros no Brasil
A taxa de juros básicos no Brasil está em 13,75%, atingindo o maior valor em seis anos. Essa tem sido a razão de conflitos do presidente Lula com Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central.
O BC calcula os juros em torno da meta de inflação. Ou seja, se o IPCA acumula altas, o Banco Central eleva a Selic. Em casos da estimativa de inflação estar dentro da meta, a autoridade monetária tem liberdade para diminuir a taxa.
Com as incertezas em torno dos gastos públicos federais no início de ano, especialistas do mercado apontam que os juros podem começar a cair no segundo semestre de 2023.
Discussão no Senado
O Senado Federal convidou, nesta terça-feira (14), o ministro da Fazenda, o presidente do Banco Central, a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet e alguns economistas para debater "Juros, inflação e crescimento". O pedido foi feito pelo presidente da Casa, Rodrigo Pacheco, e aprovado pelos senadores em sessão.
“Ao mesmo tempo em que não é viável o aumento descontrolado de preços também não é desejado o sufocamento da economia no curto prazo”, afirmou Pacheco.
A data do debate ainda será definida.
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