Rita Lee, cuja grandeza não cabe nos 65 caracteres desse título
- Blog do Yan Ney
- 9 de mai. de 2023
- 2 min de leitura
Atualizado: 26 de jun. de 2023
Abrindo uma exceção

Geralmente esse blog está repleto de textos jornalísticos, cheios de números e notícias políticas. Abro uma exceção hoje. Sempre pensei “quando eu for jornalista, como vou noticiar a partida de alguém que tanto admiro?”. Não foi dessa vez, ainda bem. Confesso que as próximas linhas, curtas talvez, terão um ar de sentimentalismo, mas também de felicidade.
Rita Lee partiu ontem. A notícia foi dada hoje enquanto meu telefone estava na mochila, e comecei a sentir o WhatsApp vibrar assustadoramente. “Algo aconteceu”, pensei. Eram meus amigos, quase sempre com a reação “viu que a Rita Lee morreu? Lembrei de você…”. Então veio minha mãe “Notícia triste agora. Rita Lee descansou”. Talvez essa última mensagem tenha dado mais impacto a tudo isso.
Comecei a escutar Rita Lee muito novo, com pouco mais de 12 anos. Sempre colocava no som do carro dos meus pais até ouvir “escutamos muito Rita Lee, não acha?”. Não, não achava. De viagens em viagens, precisava aumentar a quantidade de músicas inéditas pra mim. Teve uma que não gostei tanto, até ver meu irmão cantarolar. Era “Balada do Louco”. Pensei: “Talvez essa música não seja tão ruim afinal”. Hoje é uma das minhas favoritas.
A cada passeio de carro com meus pais, quando chegava em “Alô Alô Marciano” minha mãe se recordava de minha avó cantando essa música. Toda vez que citamos Rita Lee em uma conversa, minha mãe diz “sua avó que gostava”. Perdi as contas de quantas vezes escutei isso.
Quis conhecer mais de Rita Lee, até que peguei sua autobiografia, que meu irmão tinha comprado. Demorei muito pra ler, os professores da escola ficavam agoniados com isso, enquanto outros pediam pra ler também. A cada capítulo eu ficava mais fascinado em como essa mulher lutou pelo que acreditava. Não era a mais radical, mas fazia barulho porque sabia pelo que lutava, sempre com aquela energia de adolescente.
Mais velho, escuto uma conversa alheia onde o tema era Rita. “Ela deve ser a cantora que as pessoas mais conhecem as músicas sem saber que são dela”, ouvi de alguém. De fato, quando descobri que “Erva Venenosa” era cantada por ela, fiquei surpreso. Eu conhecia Rita Lee sem saber? Provavelmente. Talvez isso seja o mais fascinante nela, sua obra é inesquecível por ser original e irreverente.
Vou chegar em casa e olhar para um quadro que tenho de Rita Lee na parede do quarto. Ela sempre esteve lá. Desde que mandei fazer o quadro? Não! Desde sempre, desde a história da minha avó, passando pela minha mãe, ao meu irmão, e enfim, pra mim, que sempre espalho as músicas de Rita Lee por aí. Um dia, quando eu tiver filhos, eles vão escutar muito, ai deles que não! Rita esteve, está e estará na minha vida!
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