Transtorno com chuvas de verão preocupa moradores cariocas
- Blog do Yan Ney
- 1 de fev. de 2023
- 3 min de leitura
Fatores geológicos do Rio de Janeiro deixam a cidade propícia para chuvas volumosas, que geram danos materiais à população.

O verão é conhecido por ser uma estação com chuvas fortes e frequentes. Esses fenômenos são responsáveis por alagamentos em diversos municípios brasileiros e, em função do seu grande volume, geram estragos e perdas irreparáveis.
Segundo um artigo publicado pelo Departamento de Serviço Social da Pontifícia Universidade Católica, a cidade do Rio de Janeiro vivenciou seu maior temporal de todos os tempos em abril de 1966. O acontecimento registrou aproximadamente 245 mm de chuva em poucas horas, deixando mais de 50 mil pessoas desabrigadas e 250 mortas. Em comparação, a média para o mês de Abril inteiro é de 150mm, 95 a menos do que foi registrado em um único dia.
Segundo o climatologista e professor do departamento de Geografia da Uerj, Antonio Oscar, o Rio de Janeiro é um lugar propício para fortes chuvas porque está localizado em uma área de instabilidade atmosférica.
“Isso ocorre porque o Rio de Janeiro, do ponto de vista climático, ele tá numa área de transição latitudinal. Então, é uma área suscetível ao encontro de massas de ar com características térmicas diferenciadas que gera justamente essa condição propícia pra instabilidade atmosférica, pra perturbação atmosférica, que gera altos volumes de chuva.”
Alguns fenômenos climáticos, atmosféricos e oceânicos ajudam a entender o porquê das chuvas e alagamentos estarem cada vez mais fortes e recorrentes no Brasil, principalmente na região sudeste. Um desses motivos é o fenômeno La Niña, que entra no seu terceiro ano esfriando temperaturas e aumentando os índices pluviométricos.
Um dos impactos dessas tempestades são os danos materiais para aqueles que moram em região de risco. Segundo pesquisa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, existem quase 28 mil dessas áreas pelo país. Bernardo Monteiro, morador do Tanque, bairro da Zona Oeste carioca, diz que quando chove sua família fica angustiada pensando se a água vai invadir a casa, como já aconteceu em algumas ocasiões.
“Então de um tempo pra cá a gente fica nessa angústia de ‘Será que eu vai encher?’, mas nada muito grave como já aconteceu em duas ou três ocasiões aqui nos últimos vinte anos. Foi assim, de água entrar pela casa ficar e ficar na altura do muro, subir um metro e meio, dois metros de altura. E a gente chegou até perder vários móveis no primeiro andar da casa.”
Para o professor de mecânica dos solos e fundações da Uerj, Rogerio Feijó, a prefeitura do Rio de Janeiro é bem preparada na questão técnica e na aparelhagem. Por outro lado, há um problema nos programas de governo a longo prazo que não visam minimizar os prejuízos causados pelas chuvas.
“O Governo Federal de cima pra baixo instituiu que todos os municípios tem conhecer suas áreas de risco. Todos os municípios contrataram geólogos, os engenheiros geotécnicos e tem lá mapeado as suas áreas de risco. O programa dos pluviômetros, que foi implantado aqui no município do Rio de Janeiro, foi muito importante, assim como no radar meteorológico, que opera hoje na no COR, e na questão das sirenes. Mas a questão das sirenes eu imagino que seja uma ação de curto prazo, né? Para apagar um incêndio. Não um programa de governo.”
Ainda segundo o professor, mesmo com chuvas frequentes, a prefeitura nunca estará efetivamente preparada para lidar com chuvas fortes, devido aos fatores geológicos da cidade. Entretanto, bons programas de governo facilitariam em minimizar seus impactos.
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