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Wandavision agrada ao não usar Wanda como escada, mas erra ao usar tempo com coisas desnecessárias

  • Foto do escritor: Blog do Yan Ney
    Blog do Yan Ney
  • 6 de mar. de 2021
  • 4 min de leitura

   

Reprodução: Disney+
Reprodução: Disney+

Nos últimos 13 anos a Marvel vem criando nas telonas o que conhecemos como MCU e, mesmo que não reconhecidas (pelo público e pela própria Marvel), ela possui ótimas séries de TV que ganharam sua legião de fãs. Chegando com o Disney+ em 2019, a empresa anunciou uma quantidade absurda de conteúdo para expandir seu universo para além das telonas, deixando para trás o que tinha sido feito na telinha. Mas com o atraso causado pela pandemia, só agora começamos a matar a saudade dos personagens, cabendo a Wandavision reintroduzir esses heróis em um mundo aparentemente sem os Vingadores.


Wandavision chega como algo despretensioso. O enredo parecia simples: uma vingadora vivendo no subúrbio com seu marido nos anos 50. Entretanto, as coisas não são como parecem e nas últimas semanas fomos apresentados à expansão do que já era subentendido como o maior vilão da Wanda Maximoff: o luto.


Mesmo com episódios expositivos (que falaremos a seguir), Wandavision não perde sua essência em tratar da perda, já que a Feiticeira perdeu seus pais, seu irmão e por fim: seu amor! Ela deveria se manter plena, sem falhar, ao contrário do que houve  em Lagos. Wanda precisava disso, a personagem necessitava de algo para chamar de seu. Só que no fim.. perdeu tudo de novo com a queda do Hex (que vale ressaltar: É uma cena emocionante com um diálogo sobre o amor daquele casal tão diferente, mas não menos do que completo).


"Expectativas foram criadas e superadas", e que bom! Mephisto? Reed Richards? Doutor Estranho como gran finale? Não, nada disso aconteceu se não na cabeça dos fãs. Com roteiro inteligente, a série escrita Jac Schaeffer e dirigida por Matt Shakman serve para além de contar a história da Wanda, expandir o lado da bruxaria no MCU, ressaltando que ainda possui muito a ser contado nos filmes e nas séries que virão a seguir. Criar comerciais de TV com a intuição de mostrar partes importantes da vida da Wanda, e introduzir palavras que deixam os fãs mais vorazes com uma pulga atrás da orelha, como é o caso de "Nexus", é não menos do que impressionante o trabalho do roteirista. A capacidade de usar uma personagem de tamanha complexidade para arrancar risadas, gritos, suspiros e choros é uma das grandes qualidades do texto de Schaeffer que juntamente com a atuação, forma um novo modelo de série de super-herói que será claramente influenciado por Wandavision em um futuro próximo.


Se tem algo que precisa ser destacado é a atuação incrível do elenco principal, que inclui o casal Elizabeth Olsen e Paul Bettany, até as novatas coadjuvantes: Kathryn Hahn, como Agatha Harkness e Teyonah Parris, como Mônica Rambeau. Nos episódios que remetem às sitcons antigas, o roteiro mostra que é possível fazer humor diferente da famosa Fórmula Marvel, através de um modelo de humor físico representado pela dona de casa montando um jantar para o chefe do marido, ou também com um pai do subúrbio ajudando a esposa na gravidez. Os gêmeos Maximoff-Visão também são uma grande surpresa e a cena pós-créditos nos mostra que eles vão voltar, mas será que como Célere e Wiccano? Nos resta esperar. 


Alguns despercebidos do gênero, ou novatos do MCU, podem ter estranhado o início do seriado com formato não convencional: preto e branco e risadas após piada. Isso levou Wandavision para sua principal falha, o tempo. Esperar 7 dias por um episódio de 25 min de conteúdo e 10 min de créditos se tornou comum para o espectador em quase todos os capítulos, causando não menos do que a famosa indagação "logo agora que a brincadeira estava ficando boa?". Ter 9 episódios atrapalhou a série a caminhar diretamente, mesmo sendo perceptível a necessidade de tempo para expandir e explicar conceitos pincelados levemente nos filmes. A chamada "barriga" é clara em episódios como "Interrompemos este programa" e "Nos capítulos anteriores", que serviram para explicar a história que um espectador menos atento possa ter deixado passar despercebido, como também para cortar o ritmo que a série vinha levando. A qualidade do roteiro aqui pesa igualmente contra um texto repetitivo e que expõe novamente o que foi dito antes. No final, responderam as dúvidas, mas criaram outras que provavelmente serão exploradas no futuro, mas que mereciam destaque aqui para manter uma história completa! Gastaram tempo explicando o que não devia, e deixaram de contar aquilo que faltava.


Se não fosse Wandavision não teríamos visto o Visão branco, Fake Pietro ou até Agatha Harkness, que merece atenção especial nessa crítica. A vizinha intrometida, que numa reviravolta esperada se descobriu ser uma bruxa. Apesar de nunca ser uma vilã por essência no quadrinhos, a velha bruxa desempenhava um papel de tutora com a Feiticeira Escarlate - cujos ensinamentos não foram totalmente esquecidos no seriado, já que a responsável por explicar para Wanda quem ela era foi Agatha.


A verdade é que Wandavision surge como uma origem. Uma história para chamar de sua e contar o que já estava lá sem nunca ter sido ponto central. Faltava dar nome à única coisa que restava e a série surge com essa finalidade. Enquanto isso, vamos acompanhar os outros conteúdos da Marvel, já que, com essa história, percebemos que ainda existe muito para assistir na vida de antigos conhecidos, mesmo que agora ele esteja sem cor (e desaparecido). Como tudo no gênero de herói pode se mostrar além de um simples filme/série, Wandavision mostrou claramente que não precisava ser uma série, mas sim um filme, ou algo mais curto.


Nota: 3,5 / 5


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